Por Mateus Campos
O cineasta Nelson Pereira dos
Santos, que fala amanhã às 21h30m na Tenda dos Autores, dirigiu Zé Kléber
quando este interpretou o Barão de Itararé na adaptação da obra de Graciliano
Ramos “Memórias do Cárcere”. O diretor e a figura ilustre de Paraty
conheceram-se há 50 anos.
.
José Kléber Martins Cruz, nascido em 1932 e morto em 1989, deixou
dois livros publicados, um compacto com suas músicas e incontáveis histórias
sobre sua vida. Além de ator, escritor e músico, destacou-se como ativista
político.
Foi no Rio, estudando na
Faculdade Nacional de Direito, que Zé Kléber transitou pelas rodas
intelectuais. Formado, voltou à Paraty para defender a cidade e a população
local. O amor pelo lugar, que demonstrava nos poemas, aparecia também na
profissão. Foi defensor público, professor e representante do Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Perseguido após o golpe de 1964,
o poeta foi escondido pela população, que se negou a dar qualquer pista de seu
paradeiro aos militares e providenciou sua fuga. A desilusão com a política fez
com que ele deixasse o Direito e decidisse abrir um bar.
— Quando ele voltou, sua vontade
era defender a população da especulação imobiliária, ajudar o povo. Mas, com o
tempo, se decepcionou e decidiu trocar a advocacia pelas artes — conta seu
irmão, Aldo Cruz.
Começava, então, a fase do desbunde.
Zé Kleber fez amigos em todos os cantos e os trouxe a Paraty. A turma do
cinema, como o diretor Luiz Carlos Lacerda e a atriz Leila Diniz, virou habitué
do bar Valhacouto, comandado pelo poeta.
O breve período de existência do
bar, de 1964 a 1967, foi suficiente para que momentos que beiravam o realismo
fantástico se passassem em suas dependências. Durante uma festa, por exemplo,
Dom João de Orleans e Bragança, herdeiro da família real brasileira e morador
da cidade, ordenou que todas as portas fossem abertas para que ele entrasse à
cavalo. Lá dentro, sem descer da sela, ergueu os braços e proclamou a fundação
de um fictício “Principado Livre de Paraty”, para delírio de todos os
presentes.
Em 1969, Zé Kleber foi
vice-campeão do Torneio Nacional da Poesia Falada, promovido pela Secretaria de
Educação e Cultura do estado, no Theatro Municipal do Rio, com seu “Lamentações
sobre muros de Paraty”. A dedicação aos versos rendeu dois livros: “Praia do
sono” (1957) e “Vertentes do paraíso” (1983). No cinema, participou de inúmeras
produções. Só de Nelson Pereira dos Santos, foram quatro.
No fim da vida, voltou a se
interessar pela política e, em 1988, elegeu-se vereador pelo PDT. Quando foi
assassinado por um posseiro que se instalou em sua fazenda, pretendia tornar
Paraty um lugar de referência para o cinema nacional. Sua morte consternou toda
a cidade. O mesmo mar que chorou “lágrimas e redes nas praias do mundo”, em seu
poema “A morte do pescador”, chorou também pelo poeta.
— Eu não me conformo. Toda vez
que vou a Paraty, acho que ainda vou encontrar o Zé Kléber na porta do
Valhacouto — diz Nelson Pereira dos Santos.
Fonte: Jornal “O Globo”, Suplemento da Flip, quinta-feira, 4
de julho de 2013, pág.6.
Extraído e adaptado por: Jefferson Daruich da Gama
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